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O objetivo dos rituais do Caos é criar crenças agindo como se elas fossem verdadeiras. Nos Rituais do Caos você finge até sentir, para obter o poder que uma crença pode prover. Em seguida, se fores sensato, você rirá delas e buscará as crenças necessárias para qualquer coisa que queira fazer depois, à medida em que é movido pelo Caos.
Assim, o Caoísmo proclama a morte e o renascimento dos deuses. Nossa criatividade subconsciente e nossos poderes parapsicológicos são mais que adequados para criar ou destruir qualquer deus ou Eu ou demônio ou qualquer outra entidade espiritual na qual possamos acreditar ou desacreditar, pelo menos, para nós mesmos e, às vezes, também para os outros. Os resultados freqüentemente aterradores alcançados pela criação de deuses através do ato de comportar-se ritualisticamente como se eles existissem não deverá conduzir o mago Caótico no abismo de atribuir realidade definitiva a qualquer coisa. Este é o engano transcendentalista, que leva a um estreitamento do espectro do Eu. O verdadeiro terror reside no leque de coisas que podemos descobrir que somos capazes de fazer, mesmo se tivermos que temporariamente acreditar que os efeitos se devem a algo externo para que possamos criá-los. Os deuses estão mortos. Longa vida aos deuses.
A Magia apela aos que têm muito orgulho e uma imaginação fértil, somadas a uma forte suspeita de que ambas, a realidade e a condição humana, possuem as características de um tipo de jogo. O jogo possui final aberto, e joga a si mesmo por diversão. Os jogadores podem criar suas próprias regras até certo ponto, e, se desejado, trapacear usando parapsicologia. O tipo de magia apresentado aqui, consiste em uma série de técnicas que atuam como extensões extremas das estratégias normais que são possíveis dentro do jogo.
Um mago é alguém que vendeu sua alma pela chance de participar mais inteiramente da realidade. Apenas quando nada é verdadeiro e a idéia de um Eu verdadeiro é abandonada, tudo se torna permitido. Existe alguma exatidão no mito de Fausto, mas ele falhou ao levá-lo à sua conclusão lógica.
Precisa-se apenas da aceitação de uma simples crença para que alguém se torne um mago. Esta é a metacrença de que a crença é uma ferramenta para obter efeitos. Este efeito é geralmente muito mais fácil de observar nos outros do que em nós mesmos. É comumente muito fácil ver como outras pessoas e, até mesmo outras culturas, são mais ou menos capazes, de acordo com as crenças que possuem. Crenças tendem a levar a atividades que tendem a reconfirmá-las, num círculo normalmente chamado de virtuoso, ao invés de vicioso, mesmo quando os resultados não são agradáveis. O primeiro estágio de ver através do jogo pode ser uma iluminação chocante, que leva a um cinismo tedioso, ou ao Budismo. O segundo estágio de real aplicação do insight em si mesmo pode destruir a ilusão da alma e criar um mago. A compreensão de que crença é uma ferramenta, ao invés de um fim em si, tem imensas conseqüências se aceita por completo. Dentro dos limites impostos pela possibilidades físicas, e estes limites são muito mais vastos e maleáveis do que a maioria das pessoas imagina, pode-se fazer reais quaisquer crenças escolhidas, incluindo crenças contraditórias. O mago não é aquele que busca por uma identidade particular e limitada, mas aquele que deseja a meta-identidade que o torna capaz de ser qualquer coisa.
Assim,
seja bem-vindo ao Kali Yuga do pandaemonaeon, onde nada é verdadeiro
e tudo é permissível. Nestes dias de pós-absolutismo,
é melhor construir sobre areia movediça que em pedra, que
lhe confundirá no dia em que vier a rachar. Os filósofos
têm se tornado não mais do que proprietários de sarcasmos
úteis, pois foi revelado o segredo de que não há segredo
no universo. Tudo é Caos, e a evolução não
está indo a nenhum lugar em particular. É o puro acaso
que comanda o universo, e assim, e apenas assim, a vida é boa. Nascemos
acidentalmente em um mundo aleatório, onde apenas causas aparentes
levam a efeitos aparentes, e muito pouco é pré-determinado,
graças ao Caos. Como tudo é arbitrário e acidental,
talvez estas palavras sejam muito simplórias e pejorativas; ao invés
disso seria melhor dizer que a vida, o universo e todo o resto são
espontaneamente criativos e mágicos.
Deleitando-se
com a realidade estocástica, podemos nos regalar exclusivamente
com as definições mágicas da existência. As
estradas do excesso podem ainda levar ao palácio de sabedoria e
muitas coisas indeterminadas podem acontecer no caminho do equilíbrio
termodinâmico. É inútil buscar chão sólido
onde pisar. A solidez é uma ilusão, como o pé que
a pisa, e o Eu que pensa possuí-los é a mais transparente
de todas as ilusões.
As
pesadas embarcações da fé estão furadas e afundando
juntamente com todos os botes salva-vidas e suas jangadas engenhosas. Então
você vai fazer compras no supermercado de crenças ou no supermercado
de sensações e permite que suas preferências de consumo
definam seu eu verdadeiro? Ou você, em um estilo corajoso e alegre,
roubaria ambos apenas por diversão? Pois a crença é
uma ferramenta para obter qualquer coisa que se considere importante ou
prazerosa, e a sensação não tem nenhum outro propósito
além da sensação. Assim, ajude-se a obtê-las
sem pagar o preço. Sacrifique a verdade pela liberdade, em cada
chance que tiver. O maior divertimento, liberdade e realização
estão em não ser você mesmo. Há pouco mérito
em simplesmente ser quem quer que você seja por um obra congênita
acidental e circunstancial. Inferno é a condição de
não ter alternativas.
Rejeite
então as obscenidades da uniformidade planejada, da ordem e do propósito.
Vire-se e encare as ondas das marés do Caos, das quais os filósofos
têm fugido apavorados por milênios. Pule para dentro e saia
surfando em sua crista, exibindo-se em meio à estranheza sem limites
e o mistério em todas as coisas, rejeitando falsas certezas. Graças
ao Caos isso nunca terminará.
Crie,
destrua, divirta-se, IO CAOS!
Traduzido por Lucifer 149 e k-Ouranos 333
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