(putaria.)
#4 ; edição calhorda

 

editorial
Mariana E. Messias + daniel pellizzari

 

(é isso aí: voltamos)

belas dakinis, e o que mal se sabia é que de meses em meses um ano havia se passado. o que eu quero dizer com isto? ora, como se importasse. estou em uma merda de estufa atômica, apaixonado por gases nobres, mas distante de compreensão. e isso lá existe? seu zé mané, seu zé mané, vendendo seus adesivos de surdo já conseguiu a lastimável quantia de uma bela dor de cabeça. tóin, tóin, perturbando os ouvidos surdos. mas aí surge aquele tlin! tlin! e tudo que o surdo queria dizer aparece bem no meio de sua língua. um buraco. tudo pronto e tudo morto. se as mãos não gaguejassem disléxicas, talvez as coisas ficassem realmente eloqüentes. talvez uma profecia do antigo testamento. talvez. o que fode é sempre o talvez. talvez foda. mas o que fazer com este bando (pernas, um charuto apagado, a janela, unhas feitas. tuas mãos estão dissolvendo a minha concentração). uma bela dakini atada a mim em atos sórdidos de me foder com sua polidez, dedilhando, me arrancando sangue das canelas, logo que tive coloquei isto bem claro para mim: toda foda é foda, e me dissipei. as certezas são para os mortos tum tchun tum tchun do outro lado o livro aberto na última página que li, no dia que te reconheci, tudo o que se pode dizer, ah, à merda com isto todo, enquanto massageio teus pés. no meio das minhas pernas eu sou o surdo, com a verdade trancada na sujeira dos dentes atiro a língua para fora, e que se foda.

(e voltamos fazendo gostoso)

 

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(putaria.)