(putaria.)
#0 ; edição cabaço

 



<-------------tenha senso estético: use fonte de largura fixa---------------->
<----------------e depois arrume a janela nesta largura, ó------------------->



=-#0-----------------------------------------------putaria@bruce-lee.com-----=


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__________________________________(putaria.)__________________________________
__________________um e-jornal a serviço da bitch djeneration__________________
___________________________edição cabaço - 03 março 1999______________________
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|            (editorial.) DA HIMENOLATRIA                  111001010101000011| 
|                               daniel pellizzari          001010101001110101| 
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|            (conto.) AVALOKITESHVARA E O BAR DO ALFREDO   011010101000011100|
|                               julio lemos                110101010011100110| 
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|            (poesia.) TRILOGIA DAS VIRGENS                011011011000011101|
|                               mariana messias            101010010101011010|
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|            (crônica.) SEM TÍTULO                         111110111011000110|
|                               mariana diehl bandarra     100110011011011010|
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a PUTARIA putaria PUTA*           (editorial.)         *putaria PUTARIA putari
RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA
a PUTARIA putaria PUTA|          DA HIMENOLATRIA       |putaria PUTARIA putari
RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA
a PUTARIA putaria PUTA*         daniel pellizzari      *putaria PUTARIA putari



                                     "Somos himenólatras" -- Prof. Hélio Gomes


Mesmo não  tendo  expectativa  alguma,  é difícil  para  alguém  se  livrar da 
ansiedade de primeira vez. Motivos,  todos sabem:  ela é  especial, é sagrada,
principalmente  por ser irreversível, uma só.  Pelo  menos é o  que  se espera 
dentro da  sacrossanta  paz  doméstica (menina  doce  de seios duros,  maneira 
característica de andar,  inconfundível modo de emitir a cascata de urina/ouro 
- indício da aproximação e coaptação dos grandes lábios  - e  sinais  morais e 
psíquicos não passíveis de simulação, virgem,  nunca usada, inocente,  não  me 
toque: zero redondo).


                    "Mulher virgem é a que nunca copulou" -- Prof. Hélio Gomes


Com sabedoria de loção adstringente vaginal, um número 0 serve justamente para
isso:  atentado  violento  ao pudor antes do casamento. Conhecer sem conjunção 
carnal,  Mistério da Fé,  intocada Rosa Mística. Arremedo de cópula em regiões 
estranhas ao sexo  dos nubentes:  coxas, a  dobra das  pernas, entre os seios, 
boca adentro, na bunda,  coisa suja, ato doloroso e repugnante, mas como podem 
fazer isso por onde se faz  cocô? Ainda  assim virgem: número 0. A integridade 
da membrana anula a possibilidade de coito pregresso.


 "Uma rapariga pode ser ao mesmo tempo virgem e não casta, casta e não virgem, 
                   casta e virgem, nem virgem nem casta" -- Prof. Silva Ferrão


Pois assim somos. Bons dias; chegamos.


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a PUTARIA putaria PUTA*             (conto.)           *putaria PUTARIA putari
RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA
a PUTARIA putaria PUTA|  AVALOKITESHVARA E O BAR DO    |putaria PUTARIA putari
TARIA putaria PUTARIA |             ALFREDO            |ARIA putaria PUTARIA p
RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA
a PUTARIA putaria PUTA*           julio lemos          *putaria PUTARIA putari



afinal  eu  fazia  apenas  outra  ação  óbvia  me  embriagando no  meu  boteco
preferido, lembrando às vezes  que não estava  desacompanhado em outros dias e
que ei  seu viado  senta aqui  eu vou te contar como  organizei  minha coleção
hoje cedo como eu sempre  quis mas  veio  um puta vento  e  meu  quarto  ficou
uma zona e eu  vou contar que  antes as coisas tavam  melhores e eu  não tinha 
de me preocupar em  arranjar amigos embora  eu agora teja em paz com meu mundo 
estático de. Às vezes me pergunto  por que não  sou um homem de ação e por que 
tenho de ser sempre. Mais uma cerveja, seu  safado. Eu quase  chutei um bêbado 
na  bunda ontem, eu sempre soube que só não têm mais o que fazer. O  Helmut se 
aproximou de mim sorrindo e me pediu pra  pagar uma cerveja e enquanto  eu fiz 
tipo de  superior eu pensei sobre a  posição  do céu.  Uma  beleza. O  telhado 
atrapalhava um  pouco, mas sabe  como  é  -  conspiração,  gatos,  eu  sou  um  
muçulmano,  olhem  aquelas  coxas, hsplim-splash, eu  odeio literatura, já leu 
Trainspotting?, escocês safado, vêm  cá dopadinha, yes sire, take  me home, eu 
sou um gênio e cago como todo  mundo - o céu não se perde sempre, é uma beleza 
incomum,  e  nós arti-pseudo-stas,  afinal  eles  são  um mito. Um  mito é uma 
transposição  de um,  ei Helmut,  eu só te pago uma e  amanhã tu me  deve mais 
duas e eu vou ser abstêmio por  um  bom tempo:  é  foda não  seguir  padrões e
gemer na hora errada e rir  de todo  mundo e um dia se  ver  dopado   como  um
junkie, the  pleasures of  the flesh, mundane as  hell,  coloca um pink  floyd
antigo aí. Ei Helmut, sabe a Priscila?  Então, ela passou aqui e perguntou por
vc,  ela tava  bem  safada, podia até  me dar  um beijo se eu quisesse. Eu sou
muçulmano.  Na verdade, estudamos  muitas doutrinas  orientais  até que vem um
desgraçado  e diz  que   os  indianos  já  estão  felizes  com  as  maravilhas
americanas:  os americanos  são ótimos. Um abalo. Eu  queria ser  fodão como o
Brad Pitt. Ei Helmut, como estão as coisas? "Pois é, Karate Kid, eu lembro que
vc tava atrás da Priscila, huahuahua, perdeu tempo". Poxa, tou com saudade dos
amigos legais. Eu sempre fui tão bom que iria  me tornar um  Avalokiteshvara e
ficar sentado em lótus o dia inteiro criando um monte de braços. Um abalo. Vai
ser difícil  chamar  aquele  cara, ele só  atende os boys. Isso me faz lembrar
umas suites para cello que me fizeram chorar por ordinárias e achar que estava
sendo santo e que o mundo superior da arte  me  levaria  longe e que alguém me
disse tão singelo que sofrimento era ascese que  ótimo eu  sou  dos bons só me
resta cortar os pulsos, ei seu merda para de fazer besteira, mas eu não avisei
ninguém, fazia só por mim, depois  eu ia tar morto  mesmo,  e eu  me  calei. O
viado devia ter razão (prefiro   confiar em mim, mas  muitas vezes eu sei  que
os outros   são  eu), seu  ególatra  desgraçado.  Parem de  xingar. Eu  fiquei
conversando com  o Helmut, para de pedir cerva que depois vc vai ter de  pagar
tudo e eu não  tenho nada a ver com isso. Tem  sim. Ah,  eu sempre  vou  puxar
pro lado  dos  escritores, vou  trazer a  cultura  estúpida  deles pra vcs. Um
abalo. Av. St James, bem longe, n.o 777, b ate na porta e sai de lá um europeu
alto e franzino,  olha a zona  sul, tem  gente  no  chão  pedindo  queijo,  eu
prefiro  beber  um  do  porto  a  pedir  queijo  no chão, vc não é aquele Herr
Stockhausen, olha só, me dá um autógrafo, seja bonzinho, ein gutes Mädchen, ja
ja bitte bitte  küsse und  küsse  und   Scheiden  mit  schöne Schamhaar, c´mon
german baby, porque diabos vc tem duas? Me dá uma? Bradenburg. A italianas são
melhores. Vamos ler Lautréamont  juntos e vc vai ver onde vai o meu indicador.
"O que ce tá pensando?"  Eu só tou  pensando no que  vou fazer  pra  entrar em
casa; acho que  perdi  a  casa.  Ops, a  chave.  "Vc  sempre  troca   palavras
quanto tá alcoolizado, nossa,  falei difícil". Pois é, eu troco. Cadê o troco?
Já quer ir embora? Eu já falei, vc já me falou em ir embora umas 23 vezes. Que
porra. Olha só, que gostosinha!  Chama  ela aqui...  não  pô, eu  não tenho as
manha.  Pede  pra  colocarem  um  pink  floyd  antigo  logo,  tou   louco  pra
ouvir. Fui até  o banheiro, naquela hora a tonteira já tava subindo, e eu tive
a impressão de que passaram a mão em mim, mas não vi quem  foi, seria  a  Pri?
Nossa, isso tá fedido hoje.  Vou ser muçulmano.  O vento  sempre estraga tudo,
mesmo  quando  eu tou  em casa,  Chopin  na   vitrola, a janela  aberta, quase
chorando como  sempre,  uns cães no fundo latindo, aparecendo um pedaço do céu
no canto, ah, isso é foda  mesmo. Mijei bem,  esvaziei.  1997 Anno Domini, sem
amar ninguém, odeio essa palavra  e  seus  derivados,  engraçado  até.  Tentei
seguir uma vida complicada, sem pensar muito, acima  de tudo, sem  abalos,   e
cheguei  até a mesa onde o  Helmut tava com a  Priscila.  Bonitinha, saudável,
esquálida,  clavículas (imagem  que  sempre me acompanhou), meio burrinha (que
ótimo, eu queria  ser assim),  se  fosse um traveco  seria assim  (seria assim
sim), olá Pri, o que manda? Oie, JC,  tou bebendo da sua aqui, tá bom? Beleza.
Não use meu nome em frases, parece  coisa  de livro. Ok,  obrigado.  Esse cara 
não  vem atender a gente não? Scheide. Coisa  linda...  vire de costas, mostre 
essa sua visão traseira almost sem bunda, que beleza,  e esses bracinhos? Umas 
feridinhas, bem sexy. Nem se atreva a mostrar tuas clavículas, queridinha. Sou 
muçulmano,  novamente  as  doutrinas  orientais. E  também  sou  devoto de São 
Francisco  de  Assis nas  horas vagas,  e  até  perco  meu tempo com teologia, 
apesar de ser uma negação em conhecimentos. Não sei  nada,  não é?  (perguntei 
pro Helmut) O caralho, eu é que não sei  de nada;  que conversa mais de bêbado 
(ele foi gentil). A Priscila me olhou e sorriu, queria ser amigo dela, dar uns 
abraços de vez em quando, ensinar pra ela como se deve viver fora da sociedade 
(que óbvio, cale-se), mostrar pra ela que essa gentalha só serve pra copiar os 
bons  homens, e não  me esquecer de que  devo  nunca,  devo  nunca falar sobre 
inversões de valores (tema  constante  nos tolos repetitivos) e  sobre cometer 
crimes sem se arrepender (falo de salvar um cachorro atropelado e depois tomar 
umas cervas sem pagar e talvez bater num besta aí com tijolos e  fazer o favor 
de dar bem dado até ele morrer), e sobre a  compaixão para com  todos os seres 
(se  vc  matou um  escaravelho  ontem, um  quiróptero  ou  seja lá que nome de 
bichinho for, não custa dar cabo de um homem, é a mesma  cagada). Ah,  menina, 
vc nunca vai me entender. Meu mundo é mais foda que o seu. Nunca  percebeu que 
eu mereço mais? Vão me mandar calar a boca se eu disser sempre o que penso. 24 
horas por dia. Um abalo. Só que eu não me abalo, o Helmut subiu  a escada, não 
sei porque diabos deixou a Pri aqui sozinha comigo,  diabos,  aí vem o Sílvio, 
como eu vou dispensar esse chato? Ei  seu nerd, não me  enche o saco. É, vamos 
indo...  tamos  só tomando  umas. Não te  convido a sentar porque não tem mais 
cadeiras.  Chato né? (como vc,   seu vagabundo de merda). Vamos  rezar que ele 
vai; putz, que vergonha, eu querendo rezar por  impermanências  (desculpem-me, 
divindades, eu amo vcs). Ele não  foi. Já tava  caindo  em cima dela quando eu 
disse, eu vou dar uma andanda,  deixar vcs sozinhos ok?  Não, não não não, não 
não, não por favor please (eles  sendo  gentis).  Tá,  o  cara  é puta  feio e 
idiota, vou fazer um favor  pra  ela e deixar de ser sem-auto-estima um pouco, 
tavasendoumabostaquerida, vai ser pior. Eu fico. Ai que ótimo, e ele saiu, mas
o silêncio foi outro chato que chegou e sentou.  Eu chutei a bunda do silêncio 
(bêbado dos infernos). Vamos pra São Paulo? Eu não aguento mais Campinas nem o 
Paraná. Vamos mandar tudo pros  infernos. Vou te  dar uma lição, tou com tesão 
mas sou um cara bonzinho, repito, Avalokiteshvara,  respeito máximo,  um pouco 
de concertos pra violão (odeio concertos e acho o Vivaldi um viadinho do mal). 
Não sou homofóbico, a Priscila adorando, os caras são legais e até eu me sinto 
um pouco feminino como sempre, não, homem  sensível, não me venha com essa! Eu 
sou macho. Mas vou ser óbvio (mor legal  ser óbvio, bem vanguarda): cada um na 
sua. Individualidade já. Pensa  que  é  fácil  escrever? Eu não tenho dons pra 
nada, mas meu mundo interno é o  que há de interessante, toda mulher ia querer 
dar pra mim se  eu  fosse mais  descolado  e menos gentil. Pare, mulher vem em 
décimo lugar. Antes colecionar insetos na agulha, com os nomes deles em baixo, 
isso impressiona. O  céu tava bonito mesmo, né Priscila? Ela não liga pro céu. 
O que é  beatnik?  (ela me perguntou assustada). É que tem um amigo meu que lê 
muito,  sabe,  e ele me  indicou esses caras dessa onda. Que onda o que. Seria 
legal  se  tivéssemos um  mar aqui: brilhando inconformado; um delírio; eu não 
uso drogas, isso é coisa pra gente  que só faz uma coisa ou duas na vida. Tu é 
bonita, sabia?, hoje tá mais que nunca,  essa roupa te caiu bem. Pede mais uma 
cerva, eu pago. Arrumei uns  trocos  com  uma  bandinha de jazz safada; toquei 
contrabaixo, e mal, mas eu quis  fuder tudo; queria que o pianista usasse mais 
clusters  e  que a  gente  fosse  mais  free, mas acontece que esse negócio de 
chutar o pau da harmonia tradicional, não, mas vc não sabe, tem música  atonal 
hoje, e isso  ainda  é  coisa  do passado (inclusive música atonal); vamos ser 
free, eles engolem; mas não, saía  só  lá menor, dó maior,  coisas  lindas que 
aquele pianista tirava, mas tudo composição  de outros  (falta  competência no 
jardim da casa dele, e o  banheiro dele  é  como  os  outros), coisas do Miles 
Davis, do Garbarek até, e  principalmente  do  Monk,  e  até  pude escolher um 
Mingus  que  ficou um  tesão,  só  que  eu me  perdia nas  semifusas  quando o 
baterista puxava pra 70 bpm, eu não sou muito ruim não mas queriam demais e eu 
cortava  tudo,  fazia o andamento de 4/4 virar um abalo em 6/8 e alternava uns 
compassos compostos  que  eles  não  entediam, que porra para com isso, eu não 
faço clusters, vai contratar um ganso  como  saxofonista,  é pizzaria! não é a 
casa da sogra pós-moderna cacete! e eu parei de ser budista  e descobri que eu 
tinha mais compaixão que o Dachshund da minha vizinha alemã.  Assim  eu  podia 
pagar mais 13 cevas hoje, e ainda sobrava mais 7  por dia  nos  próximos  três 
meses. Eu tava rico! Mas a Pri não dava bola. Deu  mais bola pro mano que veio 
vender cocada pra ela. Argh, odeio esse pó; uma merda.  Ela também não comprou 
nada,  que  ótimo.  O  Helmut não  ia demorar  muito,  portanto  eu  banquei o 
ultraromântico e já ameaçava chorar quando ela desviou  os olhos da minha mão. 
Observamos umas pessoas  estranhas  e  descoladas  que  entravam  no  bar;  as 
propagandas de cerva  (fabricação própria, coisa de germânico) e batidinhas do 
Alfredo,  que  tavam  dando  certo afinal.  Uma  amiga bizarra dela (putz, ela 
parece uma daquelas moças estranhas dos desenhos  do  Aubrey Beardsley) veio e 
já catou uma cadeira (que estavam usando, mas ela tem  sex-appeal),  e  sentou 
entre eu e a Priscila.  Deu um beijo nela,  olhou  pra mim e  acenou  gostoso, 
estava bem chapadinha. Fim  de  mundo esse bar, só drogados. Odeio isso (mas é 
interessante,  compraria  uma   turma  dessas  pra  rir lá em casa enquanto eu 
assistisse um recital de cravo  no  video).  Ficou meio  abraçada  com  ela  e 
ria sem parar, e eu pensava em como seria fácil  pegar no  queixo dela e   dar 
uma mordida naquelas duas bordas bem vermelhas. Fiquei tentando  chutar  minha 
timidez enquanto compunha uma balada com uma melodia o mais estranha  possível 
(esquecia do círculo de quintas, mas não tava nem aí, apesar de não  gostar de 
música aleatória, olha a série harmônica esperto) eu ia chegar em casa,  ligar 
pro Beto e combinar um ensaio amanhã. Minhas costas doíam enquanto eu  tentava 
ficar reto, lembrei do ortopedista de quando eu era  adolescente,  odiei  cada 
palavra dele. Ele cuspia  enquanto falava,  e  eu  preferia estar tratando dos 
meus pequenos crocodilos  em casa,  deitado com a bunda na varanda fria (adoro 
azulejos  verdes)  do que  ouvir  recomendações  sobre  minha coluna. Dóia pra 
cacete, e eu fui pra. Splish-splash. RRRRRR. Só ouvi as duas falando baixo (eu 
não podia ouvir nada, era a intenção  delas). Isso era  bem  ruim,  porque  eu 
sempre tentei manter ordem apesar do caos que fazia strip-tease pra mim. Eu ia 
virar minha latinha no colo  dela se ela  não parasse de me deixar de lado. Eu 
quero, quero  agora. Sou  muçulmano, só esqueci o  Al Qur´an em  casa  fedendo 
mofo. Eu ia cantar algo em árabe que tinha  aprendido,  mas acho que o  álcool 
não  me  deixou  lembrar.  Ah, whatever.  O barulho  me incomodava pra cacete, 
esvaziei a lata e pedi outra; mas minha voz tímida não chegou até o garçom que
me ignorava talvez, ou não ouvia, acho que ignorava, ou não (os tímidos também
vivem em constante dúvida de tudo,  até em ações sem  importância).  Enfim  eu 
gritei,  saiu  bem  ruim,  e  ele  veio e  foi  me trazer outra latinha. Quase 
esfreguei ela na cara da guria que só  sabia rir,  mas fiquei com dó; preferia 
passar a mão nas coxas dela; que lindo,  o desejo  sexual é mais santo que uma 
catedral gótica em portugal, vcs sabem onde elas ficam, tem uma bem bonita na. 
Ah, esse que é o JC... bem meigo ele; me dá um gole? (ela me pediu cerveja, na 
cara dura?). Sim, pode tomar, mas deixa um pouco  pra mim.  A conversa tá boa? 
Tolinho, é coisa de mulher, ela tá menstruadinha  hoje.  Não parece... ela não 
vai parar de tomar  minha  cerva?  Deixa ela,  tadinha,  ela  precisa.  Ela  é 
simpática. Este  é  o  Sr. Meigo, e essa é a Srta. Menstruada, prazer, prazer, 
devolve minha cerva.  Obrigado.  Putz, que gato feio! Tira esse bicho daqui... 
ele fede e só quer sugar comida  (a dopada falou isso depois que me devolveu a 
lata).  Vou  pedir  uma  porção  de  fritas pro  gatinho, gostei dele (admitam 
meninas, essa foi de gênio). Então eu esperei o  garçom  me ouvir  e esperei e 
esperei e enquanto  isso elas  trocavam palavras sobre  menstruação que  lindo 
gostei 777 passei três anos pra entender minha prima de 2-5 anos e agora tenho 
duas  serpentes  do  sexo (sexo sexo sexo) feminino na minha frente que custam 
uns 50 reis cada não posso pagar nada além de uma porção de fritas pro gatinho 
faminto  ei bichano espera que já vem já vem sabia que eu sou vegetariano ah é 
os humanos não costumam comer gatos nesse país mas olha só eu não como animais 
dê  a  patinha e.  Chegou  a porção depois que eu contei até 198 em frações de 
mais de um segundo ou sabe-se  lá. As meninas estranharam que eu não estivesse 
brincando; não era uma história  Zen. Eu realmente pedi batatinhas pro gato, e 
peguei ele no colo, as duas estavam se chupando putaqueopariu, não esperava, e 
o gatinho comeu rapidão dando uns  arrotos  engraçados  (mais  engraçados  que 
minha idéia  surreal e o  beijo das duas).  Olha, eu não  curto  lésbica  (pra 
salvar meu gosto  incomum, porque  todo homem curte lésbica e teria uma ereção 
numa situação dessas).  Eu  não  me  excitei. Que porra, eu só fiquei de lado, 
caralho.  Para de xingar.  Come  bem  gatinho,  e  se  quiser  pode lamber, eu 
deixo.  Gato  come  fritura?  Sei lá.  No  meio do beijo elas notaram  que  eu 
realmente  tinha  pedido  a  comida pro gatinho só, e nem coloquei sal pra não 
sacanear. O Boddhisattva da  compaixão, eu amo ele. Fazendo uma homenagem, sem 
saber francês. A Europa é  mesmo uma droga quando se trata de certos assuntos. 
Ouvi dizer que o líder iraquiano de bigode tem 20 sósias espalhados pela terra 
santa (lógico que não é Europa). Um abalo. Os americanos são ótimos cobaias, e 
têm uma cultura pop que me dá inveja. Melhor que estudar os hábitos dos índios 
mexicanos (ah, Teonanacatl) só uma  batida ou dizer que o Warhol é um merda (e 
achar o máximo) e passar 5 dias seguidos vendo só um Tarantino ou um Hitchcock 
ou um filme escroto dos anos 80 com  jovens  americanos  estúpidos. A vida tem 
tanta coisa foda. Essas duas, por exemplo: já se beijaram  108 vezes e ninguém 
se ligou, e eu dando comida prum gato sarnento com caxumba  e um tumor no rabo 
(sem exagerar). Pra me recuperar, lembrei de uma tela  do Millais,  a Ophelia, 
ai que coisa mais linda, uhhh, eu  morria pra ficar ali do lado daquela menina 
doida morta. Bem, chega, nada de ticas mortas por aqui; só tenho duas trocando 
mãos  e  pés  e bocas  loucamente ali,  um bastardo olhando, dois, três, ah, é 
normal e eu  vou  ficar olhando também fixamente, aquilo é o mundo (é tudo, um 
panteísmo  bem  sexy),  deixei  minha  visão  turvar,  o  Helmut  passou rindo 
"huahuahuahua se fudemos", isso vai embora invejoso, compaixão, seja  mântrico 
e terá das suas, OH PRISCILA EU TE AMO PUTA MERDA. - E eu não ganho um beijo?! 
Cheguei perto, schlept, etc, língua áspera, dentes  tlec-tlec,  sim  eu  beijo 
bem,  schlept,  olha  o  que  ganhei por ter sido  atrevido,  Orion,  Matilda, 
Scheisse. Não foi a Priscila, lógico, foi a dopadinha; vi que ela tinha fumado 
uns. A Priscila nos deixou a  sós.  Que  merda. Giletei a cara da maconheira e 
vazei. Dormi fora de casa tinha perdido a casa não a chave seu idiota o Helmut 
comeu a Priscila porcaria Alah seja louvado 



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a PUTARIA putaria PUTA*             (poesia.)          *putaria PUTARIA putari
RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA
a PUTARIA putaria PUTA|       TRILOGIA DAS VIRGENS     |putaria PUTARIA putari
RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA
a PUTARIA putaria PUTA*          mariana messias       *putaria PUTARIA putari



                   


                   Virgem maria do descampado
                   Calo estes coices uterinos 
                   e anuncio desde já:
                   A vida é coito interrompido
                   Mais sofre quem chafurda
                   Em seu muco tóxico
                   Deleite para os animais de rua
                   Que são a visao gratificante
                   Dos turistas acidentais
                   Das calçadas descoloridas
                   Da contemporânea
                   Porto Alegre,
                   Onde abriguei meu caos
                   Contra pingos lascivos de chuva
                   (os bueiros entupidos!)
                   as sarjetas evitam
                   pés na cara
                   mais sofre quem chafurda
                   lama tóxica descampado
                   no planalto central
                   cultivo o céu turvo,
                   digno de quem espera porra no olho
                   (infeliz de quem chafurda!)
                   imagem sacra de uma
                   Virgem Maria Desequilibrada
                   Que adormece Cristo 
                   Em seu ventre e 
                   O mata três vezes 
                   antes do galo cantar.
                   Suco àcido (àxido?)
                   Me corre as veias
                   Línguas àsperas (àxido?)
                   Me corroem o corpo
                   Manhãs ventrílocas
                   Desvairadas
                   Corro os dedos 
                   por meus cabelos melados
                   (mais sofre quem chafurda!)
                   soro de piedade
                   (piegases)
                   muda forte e rápido
                   a fronte para a notícia
                   a virgem morre enforcada
                   sem seu descampado
                   cristãos enterrados vivos
                   para meu bem
                   (flores?)
                   limpo a tóxica lembrança
                   outrora chafurdei
                   (pobre alma minha!)
                   virgem muda
                   enterrada virgem
                   desconjuntura cerebral
                   mais sofre Midas que chafurda
                   em busca do orgasmo filosofal
                   ele não vem, já disse
                   ficou retido na alfândega
                   zona franca de Manaus não mente
                   a virgem louca
                   o cristo infernal
                   golpes de foice sacra
                   (des)aterro matinal



Virgem olhos
Virgem
Eu cansei dos teus olhos virgens
Vago planador
Que não me diz nada
E sente que me perdeu
Sábio venero
Sabe de encruzilhadas
E metáforas
Sabe de vida?
Se poupa para a proa?
Quer a carranca mais feia
A vênus mais opulenta?
Sofre teu ardor, virgem
Pisca teus olhos inquietos
E condena tudo o que vê
viu, virgem
sobe fome
ARANGANDELA
Cerca e açoita
Mata de trepar esta cadela 
Virgem de ânus roxo.
Sonolenta
Crê em deus,
Faz tua cerca
Eu cri, ou quase
É apalpei meus bens
Eles tomam forma sorrateira
De benificinas
De fodedeiras inveteradas
Eu não sei se te côo
As lágrimas ou o desdém
Virgem surda
Coroa tuas rosas com suor
Cora tuas esferas para mim
Virgem solitária
Calhambeque ordinário
Faz tua obra de magnificência
Se ousares calar
Furo-te os olhos com lanças
Cego-te os ouvidos por onde planas
Calço-te o pensar doidivanas
Quero te fuder,
Virgem
Se o amor não fosse tao insípido
Gosto de tabaco e calmante
Diluído em saliva 
E assim por longos dias
Lamberei teus pelos virgens
Só rasteja quem penetra
Comerei-te
Carne
Ossos
Suor
Sangue
Virgem imaculada
Desperta o verde
Opodrealmavalemusgorocha
Morre calada
Afogada em porventuras
Grunhidos de prazer ou dor
Virgem aborta cristo
Nosso cristo
Assim ela quis
Que assim seja
Mundo CaOs 
A espera daquele que não vem



                        O final do império virginal
                            (a imagem do lodo)



                                                        só as mãos são virgens
                                                        mães vivas no lodo dos 
                                                      nossos olhinhos culpados
                                                             virgens que fodem
                                                             perdem o encanto.
                                                            mesmo que eu pene,
                                                                 pelos cantos,
                                                         por uma virgem melhor
                                                        é só seu ato de chupar
                                                      que nos infla o encéfalo
                                            e soterra o cerebelo com memórias.
                                                              corro meus olhos 
                                                   pelas virgens da redondeza,
                                                                nada me atrai.
                                                            singeleza feminina
                                                   virgens mudas de pau na mão
                                                     só as mães morrem virgens
                                              o resto delas redescobre o mundo
                                                           ao abrir as pernas.
                                               virgens afogando minhas ilusões
                                                         em seu lodo menstrual
                                                     bolas de coágulo na boca,
                                                            pronta para outra.


                                    .



esta virgem é mais virgem
que as outras
tão virgem, que minhas palavras
são dedos grossos
perfurando seu hímen complacente


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a PUTARIA putaria PUTA*            (crônica)           *putaria PUTARIA putari
RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA
a PUTARIA putaria PUTA|           SEM  TÍTULO          |putaria PUTARIA putari
RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA
a PUTARIA putaria PUTA*      mariana diehl bandarra    *putaria PUTARIA putari



Observando  cautelosamente a  janela que  com  desrespeito se move em círculos
pelas mesmas ruas de sempre, macerando pensamentos vãos em  tornos de viadutos
que  implodem  no  infinito.  "Ah,  Porto Alegre!",  as mocinhas  vociferam às
janelas  das  escolas.  As  roupas  úmidas de  começo  de  semestre pelo  suor
sanguinário dos  professores famintos.  O asfalto expelindo  seu magma  humano
no núcleo do  que  o jornal de  amanhã  irá declarar como uma grande tragédia. 
Anônimos ao redor de uma poça de sangue quente. Fervendo no asfalto molhado. A
morte. Um ônibus corta a multidão,  as  mães apertam suas crias contra si para
protegê-las da fumaça. Hoje  em dia,  nunca  se  sabe. "Cada dia eles inventam 
uma doença nova, por isso mesmo lá em casa não entra mais velho. Não tem bicho
pior que velho. Depois que a minha sogra saiu lá de casa o cachorro nunca teve
mais  vermes"  ...  O ônibus  lentamente  se  arrastando. As mães e as crias e 
dezenas de rostos esfumaçados e liquefeitos se espremendo contra os vidros. As
janelas desacelerando em ritmo de festa.  Um grito.  O motorista resmunga algo 
que parece ser um palavrão mas pode ser uma ave-maria. Não dá para passar. Uma
senhora no banco  dos idosos começa a chorar.  "Meu filho!  Meu filhinho!  Ai, 
acode meu menino Jesus!". "Mas  minha senhora, era uma moça, seu filho era uma
moça?". A velha se volta com  ódio nos olhos para defender a honra do fruto de
seu ventre amém.  "Meu filho  nunca foi moça coisa nenhuma. O senhor conhece o 
meu Vitinho, por acaso?  É um moço direito, com tudo nos seus conformes, deixa
só ele arrumar um emprego"  ...  A velha chora cobrindo o rosto com as mãos. A
mocinha da escola cospe pela  janela.  Buzina. Beeeeeeeeeeep. Viaduto. Sirene.
Poça de sangue.  Cheiro de pobre.  Asfalto.  Tudo  pulsando,  queimando,  numa 
grande caçarola de ruas translaçadas em nó cego. Agonizando na fumaça de canos
de escape. Toda a vida escapando pelos canos. Rostos  sem  nome,  rastros  sem
planos. Ardendo nos ônibus e nas escolas.  Tudo.  ACABA. Consumido por ínfimas
partículas de oxigênio, cumprindo pena em uma qualquer dessas celas úmidas que
sequer fedem a pobre e sim a nada. O ser  urbano  em  incessante luta para ser
humano ainda que  primata.  O ônibus arranca.  A multidão se comove. O viaduto
oscila com o  peso  do  ônibus. No último banco do último ônibus, um rapaz com
uma pastinha de alça no colo dormita com fones de ouvido a assoprar crenças em
sua cabeça dolorida. O boy não tinha nada a ver com a história (boys nunca têm
nada a ver com a história), mas o que tem tudo haver? O viaduto balança mais e
mais violentamente,  as carcaças se amontoando, todas as personagens do mundo.
Calor. Calor. E fim.


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__________________________________(putaria.)__________________________________
__________________um e-jornal a serviço da bitch djeneration__________________
___________________________edição cabaço - 03 março 1999______________________
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      EL          daniel pellizzari                                 mojo@w3.to           
    EDITOR        porto alegre, rs                                ICQ 10985465





                  julio lemos                           oejlemos@alanet.com.br
                  campo grande, ms                                ICQ 12457799



     LOS          mariana messias                        groovie@ez-poa.com.br
   AUTORES        porto alegre, rs                                 ICQ 5562383



                  mariana diehl bandarra                    cerize@hotmail.com
                  porto alegre, rs                                     ICQLESS




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(putaria.)