(putaria.) |
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; edição corneta
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<-------------tenha senso estético: use fonte de largura fixa----------------> <----------------e depois arrume a janela nesta largura, ó-------------------> =-#1-----------------------------------------------putaria@bruce-lee.com-----= ______________________________________________________________________________ __________________________________(putaria.)__________________________________ __________________um e-jornal a serviço da bitch djeneration__________________ ________________________edição corneta - 16 março 1999________________________ ______________________________________________________________________________ +----------------------------------------------------------------------------+ | +CONTÍUDO+ 011101010101010010| | 001010111001100101| | (editorial.) NA ALVORADA DO SENHOR 111001010101000011| | daniel pellizzari 001010101001110101| | 110101010110011010| | (conto.) NARRATIVA NOTURNA E LAMENTAÇÃO 011010101000011100| | MATUTINA: GIN, UÍSQUE, CERVEJA, 010110101001011101| | A MUSA E A MOCRÉIA 101010101010101010| | rafael morado 110101010011100110| | 011010101100110001| | (poesia.) OS TÁXIS VERMELHOS DE PORTO ALEGRE 011011011000011101| | victor cecatto 101010010101011010| | 010101101100110110| | (crônica.) MONSTRO DE MADEIRA 111110111011000110| | mariana messias 100110011011011010| | 001001100111001110| +----------------------------------------------------------------------------+ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ a PUTARIA putaria PUTA* (editorial.) *putaria PUTARIA putari RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA a PUTARIA putaria PUTA| NA ALVORADA DO SENHOR |putaria PUTARIA putari RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA a PUTARIA putaria PUTA* daniel pellizzari *putaria PUTARIA putari rataplando o arrebol (sombrinhas abertas) escoteiro vede a luz (em pleno arrebol) rataplando olhai o sol (que nos alertam) do Brasil que nos conduz (ao pôr-do-sol) Morado nasceu em três de março. Ótimas pessoas, as de três de março. Victor foi assassinado por um colchão. Ele tem senso de humor. Mariana é Messias e queria casar com um Das Virgens. -----> Brinde! Brinde! HAI HELL FROM KAI vou cortar os pulsos corto os pulsos acabou (El CiDancer, o Comedor de Mouros) [ei: isso aqui não tem periodicidade não, moça. menstruar é uma coisa, outra coisa é outra uma] [finalmente bombando, hein? tomara que te torem o rabo às ganha, corleone] ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ a PUTARIA putaria PUTA* (conto.) *putaria PUTARIA putari RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA a PUTARIA putaria PUTA| NARRATIVA NOTURNA E LAMENTAÇÃO |putaria PUTARIA putari TARIA putaria PUTARIA | MATUTINA: GIN, UÍSQUE, |ARIA putaria PUTARIA p a PUTARIA putaria PUTA| CERVEJA, A MUSA E A MOCRÉIA |putaria PUTARIA putari RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA a PUTARIA putaria PUTA* rafael morado *putaria PUTARIA putari Mas o bar está cheio, eu sei, aquela menina, será que está sozinha, não tem ninguém com ela, não tem outro copo na mesa, só o dela, acho que vou lá, não sei, mas e se aparecer um namorado, ou um pai, ou uma amiga, e se ela não falar comigo tá cheio de gente em volta, tem muita gente e eles vão perceber ela me cortando, eu falando e ela olhando pro lado como se não fosse nada, que nem aquela puta semana passada, opa, desculpa, qual é a do cara, quase me joga no chão, tem umas meninas no balcão, licença, uma cerveja, sozinho é melhor, eu penso mais, não preocupo com os outros, talvez quem sabe, até acontece alguma coisa, mas como, mas quando, não acontece nada, só fico olhando o tempo passar, lembrando de tudo o que passou e da Monica que já não está aqui, deve estar longe a essa hora, nem ligou de volta, só mandou falar que não estava depois volta e fala que saiu mesmo, eu conheço esse tipo, elas mentem descaradamente e fazem cara de santa, falam mil coisas, prometem mundos e fundos, te cobrem de beijos e olham como se gostassem de verdade, como se sentissem alguma coisa. E esse monte de gente dançando, o que eles querem afinal, nesse escuro entrecortado por lasers e fumaça, um som que vibra o chão e treme o ouvido, ninguém aqui conhece Steppenwolf, ninguém sabe por que a banda chama assim, que o vocalista é alemão, mas estão lá, pulando que nem uns cabritos e gritando born to be wild porque nem imaginam o que seja o resto da música, wild, muito wild, que horas tua mãe falou pra voltar pra casa, e essas menininhas sorrindo, olhando de soslaio, o que ela quer, ela tá olhando é praquele cara do lado dela, com o cinto de trancinha e a camisa polo cor de rosa, é, é a sua cara essa camisa cor de rosa, é melhor sentar, beber mais. Cigarro, claro, até dois, meu amor, nem olha pra trás, também uma cantada escrota dessas, mas o que ela quer, que eu caia de joelhos, "teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas", teu sorriso me inebria e me joga neste chão sujo, como numa nuvem dourada, teu sorriso é uma esfinge que me devora a alma, como vou gritar no ouvido dela com o som nessa altura, e falo uma merda e nem olha pra trás, mas tá feliz com o cigarro que te dei. Gin tônica, por favor, então uma cerveja, pode ser, o barulho infernal e sair daqui, não dá mais, do lado de fora é mais cômodo e fresco, umas árvores e várias mesas, pessoas, pessoas, sentadas, em pé e andando, bebendo falando e rindo, mas eu conheço aquela menina, de algum lugar, mas não sei, não nunca conversamos, nunca trocamos palavras, ela me viu, não tem onde sentar? Será? Ela é feia mas não quero saber, qualquer coisa é preferível a encarar de novo o teto branco sem nenhuma memória para te segurar, apenas a espiral descendente que te leva para dentro do colchão quando fecha os olhos e tudo gira, tornando os mais íntimos demônios em interlocutores sarcásticos e cruéis. Deveria me sentar com ela, fazê-la se lembrar de mim, criar uma nova imagem e ter uma noite calma, onde o sono chega sem grandes traumas, sem dilacerar a alma, sem a lembrança de todas as que já foram, sem a lembrança da Mônica que agora não estava mais aqui, que mentira e ainda mentia, quando vencido pelo sentimento pegava trêmulo o telefone e ligava para alguém que nem sequer havia se preocupado em cumprir os compromissos, aquele telefone mudo que observava por horas intermináveis, um cigarro e outro, comida, televisão, um livro: nada distraía, nada mudava o rumo daquele pensamento fixo, estático no rosto doce de traços delicados que agora podia ver numa menina de cabelos pretos que entrava apressada pela porta atrás da pilastra, que ele seguia esperançoso de repente sem perceber o mar de pessoas que há pouco o incomodava tanto, sem perceber uma morena de olhos verdes que o acompanhava com os olhos da mesa do canto, sem perceber que quase havia derrubado um copo de uísque vazio na mesa à sua direita, apenas seguindo o resto da imagem que havia visto de raspão entrando na porta atrás da pilastra e que agora era seu único objetivo, modificando toda sua noite, seu destino e sua vontade. Entrou pela porta atrás da pilastra e rapidamente a viu de costas sentada numa mesa e foi distraidamente ao banheiro de onde ela poderia vê-lo, não teria coragem de cumprimentá-la. Mas quando chegou no canto que havia delimitado do outro lado da mesa, o canto que cobriria o campo de visão da menina não havia dúvidas, havia se enganado, não era Mônica, era apenas uma menina que estava ali por acaso com um corte de cabelo semelhante e a frustração e a tristeza, o desapontamento com sua própria fraqueza, um uísque, chegando no balcão, agora sem perceber nada, e saiu com o copo na mão, o gelo tilintando no vidro grosso, um sorriso de satisfação pela decisão de embriagar-se. Oi, eu te coheço, é, eu me lembro de você, senta aí, o que você tem feito, nada, era feia, mas estava ali. Ficava sentado mais um pouco, meio sem graça, seu nome mesmo, eu esqueci, mas você também não lembra o meu, e olhares sutis e sorrisos que insinuavam, um toque casual com a mão, o olhar no decote, sei que ela gosta, ela está adorando, debruçada sobre a mesa, um cigarro, tem fogo? Pega na mão esquecendo o isqueiro e não desvia o olhar, não desvia até ela desviar primeiro e o faz com um sorriso, mais um, o que essa menina quer? Ela afasta agora, levanta e vai ao balcão, meu gin, um trago longo, agora respirar e esperar, olha ela de volta, mexendo suavemente, porque tanto tempo um do lado do outro e nunca conversamos, não sei, não tem porque, você era tão distante, eu sei, mas e agora, agora é diferente, e vem cá, senta mais perto, não. Assim não, não dá. Você é muito apressado, tudo bem então, vou ali e já volto e você pensa a respeito. Ficou sentado, por um tempo seguindo a menina com os olhos, fingindo desinteresse e por fim aceitando a enorme distância entre os dois, ela se perdia na multidão de pessoas e parecia insignificante e feia, haviam meninas mais bonitas e mais simpáticas mas não as conhecia, não tinha paciência para todos os diálogos que antecediam qualquer contato, tentar se conhecer, amigos em comum, lugares, tudo isso lhe parecia terrivelmente superficial, mais superficial do que olhos bonitos ou coxas largas. Já não percebia que ela o olhava de longe, buscando o seu olhar para que pudesse finalmente voltar para a mesa e de lá ir para outro lugar, mais discreto, e nfim, blá, blá, blá. Olhava apenas um copo na sua frente, pela metade, esquentando, ficava espetando o limão com um canudo que às vezes usava para beber, por fim acabou desistindo, jogou fora o canudinho e virou o resto deixando duas pedras de gelo no fundo. De repente, a menina estava do seu lado. Já era manhã e todos os carros voltavam aos poucos, os tardios se misturando àqueles que acordam cedo, num bairro distante pra ir trabalhar na cidade, e outro cigarro, só tem mais dois, sono, um gosto indefinido na boca, já tem até jornal, quanto é, nem mais um puto no bolso, nada, nada, só esse gosto na boca e o volante na frente, tentando chegar em casa, olha a placa do centro, passar pra direita, e quem era aquela menina, 3 anos juntos, 5 horas por dia e nem uma palavra, agora um encontro casual e arrependimento por meses, o cheiro impregna, invade o carro, gruda nos dedos e no estofado, nem se lembra de tudo o que disse, tanto tempo, estava escuro, um lugar distante e já estava claro, abaixando a calça, uma luta um desespero, uma ereção dominante, maior que o bom senso, que a consciência, a ereção e só ela, dominando tudo , perfurando, mentiras e restaurantes. Um novo encontro pode magoar, uma verdade só, exagerou nas mentiras, nas promessas, viveu apenas um momento, ficou com aquela sensação de esgotamento, foi até o fim em uma noite e agora não precisa mais viver nada do que disse, enquanto inventava se tornava experiência, conhecendo com palavras, mais uma noite daquelas, onde a realidade se torna subjetiva e os olhos não enxergam, apenas mente e palavras e testosterona. De manhã se arrependia, a luz parecia mudar tudo o que acontecera na noite, então tudo era meio mágico, a realidade não era mais traçada com as linhas firmes que destoavam agora, que davam contornos precisos àquilo que antes era meio sonho e meio magia, podendo criar sem medo uma realidade diferente, mas exagerara, com a alvorada chega o desencanto, não é meia noite, Cinderela, é 5 e meia que viras abóbora, e olhava o legume enorme, seu cheiro nos seus dedos e no estofado, um sinal fechado, padarias abertas, a cidade estava viva na manhã de Domingo, senhores correndo na praça, uma família e uma pieguice vinda da estação de rádio dava vontade de chorar, de se arrepender pelas gin tônicas que haviam aumentado ainda mais o delírio e afiado a língua para que criasse, na mente da menina, todos os detalhes que a conduziriam para o ápice, para o momento, e ele calado, olhando mais um sinal fechado, negando mais um jornal matutino, conferindo o relógio e querendo dormir por um bom tempo. ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ a PUTARIA putaria PUTA* (poesia.) *putaria PUTARIA putari RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA a PUTARIA putaria PUTA| OS TÁXIS VERMELHOS DE |putaria PUTARIA putari a PUTARIA putaria PUTA| PORTO ALEGRE |putaria PUTARIA putari RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA a PUTARIA putaria PUTA* victor cecatto *putaria PUTARIA putari Estamos sós: eu você e o nosso silêncio. Estamos sós no quarto nu na esquina da rodoviaria. Ouço os táxis passarem e olho para o armário triste. Você se despe (eu sempre fui nu). voce me ama como eu não te amo? Continuam passando os carros... Você se deita sobre mim. Afago seu cabelo e penso: Você me ama assim como eu amo o gosto das ruas? Você me ama assim como eu amo o lugar de onde voce não veio? Agora eu estou dentro de você. Respiro o seu perfume barato e penso: Onde você estaria (com quem) se não estivesse debaixo de mim agora? Escuto os táxis na rua e penso: Quem foi o idiota que teve a idéia de pintar todos os táxis de porto alegre de vermelho? Acho que estou gozando dentro de voce agora. Quero me amolecer e deixar a tarde passar. Os táxis e a rodoviária. Quero dormir 45 segundos sob o cheiro do teu perfume barato. ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ a PUTARIA putaria PUTA* (crônica) *putaria PUTARIA putari RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA a PUTARIA putaria PUTA| MONSTRO DE MADEIRA |putaria PUTARIA putari RIA putaria PUTARIA * + ------------------------------ + *PUTARIA putaria PUTA a PUTARIA putaria PUTA* mariana messias *putaria PUTARIA putari Rabisco uma ou duas linhas e pouso meu olhar, novamente, nesta visão. O monstro que é delineado na madeira nova e pura do armário tem minhas feições. Sorrio com minhas 15 bocas. Não tenho medo da minha alma. Chega de querer estilizar o feio. O feio deve fluir como o sangue de nossas gengivites. Atiro pedras no mundo. Assisto a tudo com meus 3 olhos sufocados em si. Cada qual com seu karma, todos muito cansados. Um olha para cima, vê a ascensão pela escória. O outro para baixo, vê a dor e a umbra úmida na qual vive. O outro olha para o infinito e, às vezes, desiste, mas logo (ou nem tão logo) volta atrás, porque esta é sua única função. Noto que o monstro tem um sorriso meio urro, um sorriso sacana. Feito este que a vida me lança quando entro em um táxi ou compro isqueiros e não fósforos, como é normal. São luxos aos quais me dou, mesmo sabendo que a fome me espera por mais uma semana. Sou o mesmo que ele, e ele sabe disso. O monstro me sorri e me apresenta chifres. Eu lhe mostro dentes. Dentes de donzela, dentes de tabaco, que uso para morder e sugar todo o sangue que consigo destas hemorróidas que cultivo e chamo de vida. Caçôo da ociosidade ingrata que o futuro reserva a esta pobre imagem formada pelos nós da madeira, no que ela gargalha e diz que eu não ando muito melhor. Que só não fujo porque não tenho para onde. Que só não fujo porque já tentei e não fui capaz. Que só falo com ele, monstro inanimado (talvez fruto da minha imaginação doentia), porque me vejo refletida em seu cheiro de madeira virgem e teatralmente polida e lixada. Sinto o corpo, fraco fruto desta mal-ensaiada atuação, amolecer de cansaço. Olho para o papel, medito, amasso e jogo junto com os outros fracassos da mesma espécie. Sorrio. Olho para o monstro e sei que ele vai estar aqui amanhã, quando eu acordar. ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ __________________________________(putaria.)__________________________________ __________________um e-jornal a serviço da bitch djeneration__________________ ________________________edição corneta - 16 março 1999________________________ ______________________________________________________________________________ EL daniel pellizzari mojo@w3.to EDITOR porto alegre, rs ICQ 10985465 rafael morado morado@bhnet.com.br belo horizonte, mg ICQ 11008469 LOS vitor cecatto e-cave@uol.com.br AUTORES rio de janeiro, rj ICQLESS mariana messias groovie@ez-poa.com.br porto alegre, rs ICQ 5562383 CONTACTOS comentários, sugestões, envio de colaborações para avaliação e pedidos de cancelamento de assinatura: putaria@bruce-lee.com ______________________________________________________________________________ __________________________________________________EOF, fim da entrevista______ ______________________________________________________________________________ _#1___________________________________________________________________________ |
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