(putaria.) |
#5
; edição cajadada
|
complete esta foda |
crumbo parsifal
|
>>@&*#$&#*$&@<<
ah, o amor, este supositório de versânia.
agora que me foram concedidos poderes sobre a finitude dos
começos ninguém me separa do cinismo das tuas secreções.
ontem escovei os dentes com tua boca, amanhã vou estar
lavando teus pés com as costas de minha língua. você deixou
seus olhos comigo e nem a luz mais metida a espertinha seria
rápida o suficiente para levá-la daqui sem que eu
percebesse. é assim que funciona, pequena beatriz sem pena a
cumprir. os mecanismos não estão se importando muito com as
engrenagens, e você nem se coça para tentar ter idéia do que
te faz furar o chão sob teus pés, de tanto que gira. foi
preciso que o mundo trocasse de eixo para abalar minha fé,
mas agora é só uma questão pessoal. o universo cansou, agora
somos eu e você, sozinhos, trancados nesta brecha úmida, se
matando sem ao menos querer brigar. urano na primeira
absorve tudo e se compraz com qualquer reviravolta. quando
as lesmas parrudinhas escorrem pelas pedras você deita na
palha suja de porra e fica citando joyce ^envisaged battered
candlesticks melodeon oozing maggoty blowbags^ como se isso
fosse te escancarar as pernas com abridor de latas. não é
assim, eurídice. não foi exatamente com isso na cabeça que
eu vim até aqui. até gostaria de saber o que eu trouxe, mas
a cabeça acabei esquecendo na bandeja do mordomo. simpático,
ele. bonitos ossos do queixo. acho que deveríamos beber um
pouco dessa coisa, antes que esfrie. mas eu sei, agora que
já é tarde demais você vai dizer que está ficando tonta. só
não me peça para cuidar de você. me peça qualquer coisa que
comece com um por favor que você vai descobrir as alegrias
de passar uma semana vomitando satisfação pelos poros. se
não podemos fazer nada, me passe o dominó dos teus ossos que
eu preciso me distrair. não há tensão ou novidade em cuspir
nas rótulas daqueles que já se foram, salomé. como já sei
disso e de muitas outras coisas - valha-me o olho do cu -
fico aqui adulando as coisas que espetam cabeçadentro. dedo
na frente da boca, caluda. não há graça ou milagre em não
sofrer pelo já esperado. que esse lodo grude nas canelas eu
entendo, e baixo a guarda sem mais delongas. sabe, eu era um
menininho ainda hoje, até que as cancelas foram abertas e a
boiada passou sem dar a mínima para o macio das minhas
pernocas gorduchas. eu me fixo nos pedaços, ligéia. quero
tudo em caquinhos sujos cravados em minhas mãos amarelas.
quero nada de adjetivos. quero só um pouquinho, um perto. um
pertinho, um pouco. qualquer coisa que não sejam palavras,
porque do meu cansaço a maioria é feita delas. quem se fode
não são as palavras, alice, são seus portadores. eles se
esfalfam em migalhas, elas ficam pairando por ali. não
mudam, não sofrem, estão fora do maldito ciclo e não
precisam de nenhum dos mil braços de avalokiteshvara. no
máximo perdem o sentido aparente, mas alguém sempre acaba
entendendo. alguém sempre tem a chave, mas a essência do
sentido não aparece mesmo. saco cheio de palavras, vão catar
acentos todas vocês. só quero ficar em paz um pouco, antes
que o peso vá entrando nas rachaduras das articulações, tudo
marrom vermelhando poeira de tumba, ferrugem nos ossos: a
doença do aleijadinho. porfíria, você grita, mãos
embaralhadas sobre a bengala do caolho. é, julieta. nos
lascamos bonito. couraça grossa de leproso, nada mais
penetra. da carne tudo vai se largando aos pedaços, enquanto
o couro a cada segundo fica mais invulnerável. e as bolhas?
sem letras para as bolhas. sem palavras, sem intenções, sem
quero te dizer uma última coisa, nunca mais letra alguma,
não mais palavrórios, agora é ação. tudo certinho, todos
acreditando? até você, berenice? inação para a platéia.
costelas de mohandas gandhi ao molho madeira passando em
cortejo até a água podre do ganges. cinzas no muco do
irrepreensível nariz de shiva. veneno no sangue das meninas.
moisés é que estava certo, catarina: que se limpe a
imundícia. viva jesus. ah, não me venha com esse esgar de
espírito santo, eu vi você por lá, passando o arado por cima
de meus farrapos. mona, cara mia, você talvez tenha uma
idéia do que eu não posso fazer. você sabe tudo, não é? do
meu lado eu só entendo de lamber feridas e enfiar os
cotovelos na mesa. para onde foi sua alma, que eu não vi?
index prohib - o cacete, o cacete! tudo não passa de um
monte de coisinhas empilhadas, chuva em castelos de baralho,
saudades comburentes e anéis de fumaça de cópulas absurdas.
tudo é apenas o velório público de um cadáver de criança
semi-devorado pelo tempo e por animais selvagens. este é o
grande sentido de tudo, isolda. mas - disso também sabemos -
quem se preocupa com sentidos se abstém da fruição. que se
dane em dourados de giotto, descascando pertos das bordas.
quase lembro do dia em que pela primeira vez avistei o altar
da virgem, meus irmãos prostrados na sujeira, plutão ao lado
de urano tornando agradável o cheiro de impermanência na
água das flores mortas, mas isso tudo são coisas que você me
contou. eu mesmo não me recordo nem da primeira vez em que
nos encostamos. minha especialidade é ficar com as últimas
coisas na memória. sou um escatologista, maria madalena.
enfio a pele no cabide e mergulho durante horas perdido no
escuro sem cima nem baixo até enterrar as patinhas na raiz
do problema. atolado enfim. e aí, maga, sabe o que eu faço?
disfarço um ponto e vírgula de ponto final, meu amor, e por
ora estamos conversados;
|
>>@&*#$&#*$&@<<
(putaria.)